Adenda ao Best of 2009

January 17, 2010 at 9:53 am (Livros/BD/revistas)

Esquecimento imperdoável da minha parte que justifica um novo post, no seguimento deste.

Houve um filme notável em 2009 e produzido bem longe do continente americano. O sueco Let the Right One In de Tomas Alfredson, baseado na obra literária de John Ajvide Lindqvist. É um esquecimento do qual espero redimir-me agora, na tentativa de incentivar os leitores deste blogue a verem um filme contrário a todas as convenções.  O filme narra a história da amizade de uma vampiro e um rapaz de 12 anos. Uma premissa aparentemente simples que ganha contornos perturbantes pela sua combinação de inocência e decadência. Definitivamente, um dos filmes mais marcantes de 2009.

Permalink 2 Comments

O melhor da tradição literária romântica II

January 16, 2010 at 8:57 pm (Livros/BD/revistas)

A mulher que me amar há-de ser infeliz por força; a que me entregar o seu destino há-de vê-lo perdido. Não quero, não posso, não devo amar a ninguém mais.

Carlos em Viagens na Minha Terra de Almeida Garrett, 1846

É claro como água que Carlos amou demais e qual Ícaro, deu-se a sua queda.

Permalink 1 Comment

O melhor da tradição literária romântica

January 16, 2010 at 8:27 pm (Livros/BD/revistas)

Nunca amei, nunca senti por uma mulher uma destas paixões únicas, dominadoras, exclusivas, a que se sacrifica tudo; mas às vezes tenho pensado nisto e julgo haver concebido o que seria para mim o amor, se o sentisse. Se eu um dia amasse, parece-me que procuraria esconder de todos os olhos essa paixão; desejaria que ninguém me suspeitasse nem por uma palavra, nem por um gesto, nem por um olhar. Ouvir estranhos falar sequer na mulher que eu amasse ferir-me-ia como uma profanação. Não escolheria confidentes, a ninguém revelaria esse segredo da minha alma. A mais alta, a mais casta voluptuosidade, que me produziria este amor seria o poder dizer, quando estivesse só: «Ninguém no mundo sabe, ninguém suspeita este mistério do meu coração, senão ela.» Para ela só, para essa mulher que eu amasse quereria reservar todas as manifestações dos meus sentimentos, as mais sérias e as mais pueris, pertenciam-lhe; e permitir que outros as percebessem era profanar o culto. Só com ela, sim, todas as reservas acabavam; então no gesto, na palavra, no olhar revelaria inteira a minha alma, sem mistério nem discrição. Aspiraria assim nesses instantes todo o suave e delicado perfume do amor. Que o mundo, ao ver-me frio e concentrado, pensasse: «Aí está um homem de gelo, este não sabe amar», e que ela só pudesse dizer: «Oh! Eu é que sei de que extremos é capaz aquele amor que ninguém suspeita».

Jorge em Os Fidalgos da Casa Mourisca de Júlio Dinis, 1871

É claro como água que Jorge ama, mas poucos o exprimem tão eloquentemente.

Permalink Leave a Comment

Os pilares da literatura

January 11, 2010 at 10:25 am (Livros/BD/revistas)

Aos 16 anos de idade apaixonei-me violentamente por literatura fantástica e não foi nenhum livro obscuro ou denso que me apresentou a esse mundo, mas o clássico de JRR Tolkien, O Senhor dos Anéis. Nunca até então tinha lido um livro que rompesse tanto com a literatura tradicional. Não sabia muito de fantasia então, embora a paixão pelas mitologias e por epopeias da Antiguidade tivesse sempre exercido um grande fascínio. Ler Tolkien foi como voltar a casa.

Mas muito antes de enveredar por esse caminho da ficção especulativa que devora, sem tréguas, o leitor, tinha começado uma outra paixão que durava há vários anos com a literatura portuguesa. Pode ser uma surpresa para muitos dos que me conhecem, mas é a literatura portuguesa que molda muito da minha escrita e pensamento actual.

Sophia de Mello Breyner

Este romance discreto da minha parte começou aos 8 ou 9 anos com os livros infantis de Sophia de Mello Breyner. Ela era uma poetisa maravilhosa, mas é a sua faceta de contadora de histórias que me conquistou numa idade muito tenra. A Fada Oriana, O Rapaz de Bronze, A Floresta, ou o belíssimo O Cavaleiro da Dinamarca são feitiços de palavras, formando uma teia de magia e encanto, de beleza e melancolia.

Alice Vieira

Sabem qual foi a autora que me acompanhou mais na transição da infância para a adolescência? Alice Vieira. O primeiro livro em língua portuguesa que me ofereceram foi Rosa, Minha Irmã Rosa. Foi Alice Vieira que me ajudou a compreender melhor a família e sociedade portuguesa, algo que me era absolutamente estranho sendo educada numa casa libanesa. Seguiram-se muitos outros, Chocolate à Chuva (talvez o meu favorito), A Espada do Rei Afonso, Este Rei que eu Escolhi, Viagem à Roda do meu Nome, Úrsula a Maior. O último que li da autora foi Caderno de Agosto. A partir daí, já era crescida demais para conseguir apreciar os seus livros, mas ela está muito presente nas minhas memórias e qualquer homenagem que lhe possa prestar é pequena demais.

José Maria Eça de Queirós

Voltando um pouco atrás no tempo, aos 11 anos, a minha irmã mais velha convenceu-me a ler Os Maias de Eça de Queirós. Não receei o volume do livro, mas tinha-me convencido de que o título desinspirado do livro não podia revelar uma boa história. Claro que estava enganada.

Os Maias proporcionou-me muitas belas tardes em que acompanhei a odisseia da família portuguesa, os anos na Universidade de Coimbra, os anos de sociedade em Lisboa e o progressivo desencanto de Carlos e Ega, a culminar na honra imaculada de Afonso despedaçada pela desgraça do filho e do neto. Também houve momentos inesquecíveis de humor: ainda hoje releio as passagens do baile de máscaras em que Ega é humilhado e a personagem, disfarçada de Mefisto, toda esfarrapada e chorona, busca consolo na casa de Carlos.

O que poderia dizer sobre Eça que todos já não saibam? Cada um dos seus romances contém lições para aspirantes a escritores, momentos de puro génio, revoluções de língua, revolta contra o estabelecimento. Os seus livros expressam muito do desencanto e frustrações de uma geração simultaneamente desprezada e admirada pelos seus contemporâneos.

Mas se algum dia o leitor se sentir muito cansado com o ácido crítico e a fina ironia de Eça, então leiam A Cidade e as Serras onde o escritor faz as pazes com o mundo, o mundo rural genuíno e saudável, intocado pelas grandes urbes manchadas de decadência. Não falta uma das passagens mais humorísticas de sempre na literatura portuguesa, a viagem de comboio de Jacinto e Fernando de Paris a Tormes.

Após a obra-prima de Eça, encontrei nas prateleiras Amor de Perdição de Camilo, terrivelmente formal e lúgubre, recheado de todos os fatalismos sentimentais de que o autor se podia lembrar, e não foi um livro que relesse com prazer.

João Baptista de Almeida Garrett

Almeida Garrett também marcou presença na minha jornada pela literatura portuguesa com o clássico Viagens na minha Terra. As primeiras páginas custaram-me imenso, mas li com prazer o romance entre Carlos e Joaninha, embora me chocasse a crueldade do desenlace.

Frei Luís de Sousa deixou-me uma impressão muito mais forte, curiosamente. Também ele dominado por uma sensação crescente de pathos e fatalismo, é contudo uma brilhante obra de caracterização psicológica. Li-a e e estudei-a e vi-a representada tantas vezes nos anos seguintes.

Foi depois de Garrett, se a memória não me atraiçoa, que descobri o manual de Português do 12º ano do meu irmão, esquecido numa secretária. Ele não era muito devotado à disciplina, e eu não resisti a explorar várias páginas do livro escolar. Dei por mim a voltar cada vez mais ao manual para descobrir os autores, os poetas, os livros que tinham importância, que tinham tido impacto e aberto o caminho para novas formas de literatura.

Júlio Dinis

Fui cativada pelos excertos de Uma Família Inglesa de Júlio Dinis e decidi comprar o livro numa papelaria perto de casa. Era o tempo em que começavam a surgir famosas adaptações de romances vitorianos da BBC e eu devorava todos os romances de costumes. Valeu-me a minha experiência de Eça para não desistir nas primeiras páginas aborrecidas. Nunca julguem obras do séc. XIX pelas primeiras páginas. Quando finalmente iniciamos a história propriamente dita, com todas as suas descrições da sociedade britânica no Porto, é então que o talento de Júlio Dinis floresce. O amor de Carlos e Cecília dificultado por diferenças de classe social e duas famílias extremosas tem um final feliz. E era a primeira vez  que lia um final feliz num livro português.

Seguiram-se As Pupilas do Senhor Reitor que o meu entusiasmo juvenil amou com toda a força. A Morgadinha dos Canaviais, mais complexo e político, mas não menos interessante. E finalmente, Os Fidalgos da Casa Mourisca, o meu romance favorito de Júlio Dinis, com um talento para construção de personagens e diálogo que, se não era igual a Eça, não o envergonhava de todo.

Vergílio Ferreira

O manual de português continuava a servir-me de guia na minha exploração auto-didacta e os próximos excertos a apelarem-me fortemente eram radicalmente diferentes: Aparição de Vergílio Ferreira. Até então estava a conhecer o século XIX, com um desvio por Gil Vicente (que detestei), e saltei para o séc. XX existencialista destemidamente.

Ainda hoje não consigo compreender o meu fascínio de então por Aparição, mas desconfio que a linguagem poética e eloquente foram determinantes para as minhas muitas releituras da obra. A angústia calma e silenciosa de Alberto a minar a sua relação com as três filhas do Dr. Moura, a sábia Ana, a destrutiva Sofia e o anjo breve de Cristina pareceu-me narrada por um bardo de alma perdida e coração destroçado.

Estudava então no Liceu Camões e vim a saber, mais tarde, que Vergílio Ferreira tinha sido professor nessa escola. Uma professora de português encontrara uma fotografia a preto e branco do autor numa sala de aula, mas não era a típica aula do professor a falar do estrado, mas do professor no centro da sala rodeado pelos seus alunos.

José Saramago

Já não me recordo de como completei a transição para José Saramago, nem porque escolhi começar com O Evangelho Segundo Jesus Cristo, quando a sua obra mais leccionada era O Memorial do Convento. O Evangelho expandiu a minha mente e mostrou-me as possibilidades de realizarmos feitos ousados na literatura, a capacidade de ir para lá da história e reinventar o próprio mito e tradição. A angústia de Jesus perante a falta grave de José ao não salvar as crianças da sentença de Herodes é provavelmente uma das descrições mais fortes de relações entre pai e filho na língua portuguesa.

Miguel Torga

Miguel Torga. Esse é um nome que recordo com muito afecto e emoção. Mais do que Vergílio Ferreira, José Saramago ou Eça, foi Torga quem causou uma impressão imensa e que durará para sempre. Os seus contos da montanha, o livro dos bichos e histórias do mundo rural estão marcadas por um telurismo rico, um desespero alarmante perante o silêncio de Deus e uma profunda humildade perante o sofrimento dos homens que Torga certamente testemunhara enquanto médico. Mas há também a alegria de seres humanos e animais em estarem vivos e em comunhão com a terra.

Infelizmente, sou das poucas pessoas que conheço que leu e gostou da obra de Vitorino Nemésio, Mau Tempo no Canal em que a insularidade dos Açores marca de forma tão indelével a vida de Margarida, encerrada no espaço geográfico das ilhas.  Achei irresistíveis as excelentes descrições das ilhas, da caça ao cachalote, da sociedade tradicional açoriana influenciada pela América.

Todos estes nomes são nomes que dispensam apresentações, mas houve também nomes quase esquecidos na literatura. António Patrício será sempre recordado por mim pela sua peça D. João e a Máscara que me fez descobrir o enorme fascínio que tenho pela figura da Morte na literatura.

Quando iniciei o ensino secundário, em especial os últimos dois anos, havia muito pouco que eu não sabia na disciplina de Português. Tomei a decisão de ingressar na variante de português/inglês na Faculdade de Letras (apesar de uma formação no secundário em ciências) esperando aprofundar os meus estudos, mas em vez disso tive que lidar com um sistema de ensino de literatura portuguesa obsoleto, degradante e que merecia ser absolutamente destruído com a maioria dos seus professores expulsos. Recuso-me a dizer uma única palavra boa sobre a variante de português na Faculdade de Letras e aconselho vivamente todos os estudantes a evitarem-na se puderem. É pouco dignificante para o estado das letras neste país que um estabelecimento dessa reputação não conceda o ensino que devia. É um péssimo, péssimo serviço que realizam às letras portuguesas.

Houve outros autores. Se não referi as obras de grandes poetas como Fernando Pessoa é porque não cresci com Pessoa e apenas mais tarde li a poesia. Nem nunca estabeleci qualquer ligação emocional com os livros de Agustina, mas a qualidade narrativa é indisputável. Não podia deixar de mencionar também José Régio, Mário de Sá-Carneiro, Antero de Quental, Cesário Verde,  autores que também enriqueceram a minha formação.

Amo as obras destes autores portugueses. São parte das minhas leituras e moldaram o meu carácter. Tivesse lido outros livros, ou não tivesse lido de todo, não seria hoje a mesma pessoa.

Permalink 5 Comments

A indulgência dos clássicos literários

January 3, 2010 at 12:13 pm (Livros/BD/revistas)

É inevitável para quem trabalha na área dos livros acompanhar o trabalho da divulgação e crítica literária. Hoje em dia, um livro não consegue sobreviver num mercado tão saturado como o português sem algum apoio crítico, mas também seria errado pensar que um livro está condenado por não ter presença em suplementos jornalísticos. O marketing é instrumental nas vendas, muito mais do que palavras impressas num suplemento semanal.

Até porque está provado que um livro não vende mais por uma ou outra referência num jornal de grande tiragem, mas irá vender mais se for referido em todos os jornais e publicações de forma sistemática.

A Internet trouxe alguma democracia ao mundo da crítica e divulgação literária, não estando mais dependente de uns quantos editores de suplementos que nem sempre primam pela sua imparcialidade. Mas claro que não é assim tão linear e simples. A massificação de blogues ou sites onde se apresentam críticas de livros não prima pela qualidade na sua grande maioria (há sempre excepções e não são poucas), faltando bases de desconstrução crítica. Mas independentemente da qualidade dos textos, o pouco fundamentado “gosto de um livro” origina um passa-palavra que pode ser tão monumental como uma avalanche e decisivo nas vendas.

Com o cada vez menor espaço dedicado a livros pela imprensa, e o cada vez maior número de livros publicados em Portugal, editores e jornalistas são forçados a tomar escolhas pautadas por gostos pessoais ou relevância literária e cultural. Mas perante o número de obras que morrem na obscuridade de estantes e prateleiras de livrarias, é pertinente pensar se ainda é relevante dar espaço a crítica a clássicos de literatura.

Sabemos que um jornalista não pretende educar o seu público leitor, mas informá-lo. Para se escrever uma crítica sobre a poesia de Samuel Coleridge não é necessário fazer um info-dump sobre o papel de Coleridge no primeiro movimento romântico inglês. O jornalista pode fornecer algumas informações relevantes para a crítica, mas não irá nem deve adoptar a postura do mestre-escola para ensinar o quão eloquentes e fundamentais são os versos de Coleridge, porque isso seria uma crítica francamente ridícula.

Este é apenas um exemplo que inventei para que compreendam o quão irrelevante considero actualmente dar espaço a crítica literária a clássicos num mercado que precisa desesperadamente de dar voz a outras obras desconhecidas e de valor.

Os clássicos são intemporais e não precisam que um jornal contemporâneo e efémero louve as suas virtudes, porque sabemos que o clássico permanecerá muito para além da vida do jornal ou do próprio jornalista. Já foi exaltado e dissecado e já desfilou pelas bocas e canetas de todos os críticos que merecem esse nome.

Claro que há sempre novas edições a surgirem no mercado que merecem destaque, diriam alguns. Ou novas traduções. Mas será mesmo assim relevante destacar uma nova tradução de um clássico? Compreendo que se divulgue, mas criticar? Afinal a crítica será a uma nova tradução ou à obra em si? A crítica afinal incide no trabalho do tradutor ou no autor? Passando a um exemplo concreto, é relevante ou pertinente dar espaço à nova edição e tradução d’ O Monte dos Vendavais de Emily Brönte da Presença? Essa obra é estudada nas variantes de inglês das Faculdades de Letras do mundo inteiro há décadas. O que mais pode dizer o crítico que já não foi dito provavelmente melhor do que ele alguma vez poderia dizer? Mas ele está a criticar a nova edição e tradução, dizem-me vocês. Nesse caso, continua a ser um exercício bastante inútil e fútil.

Será mesmo necessário dar espaço no jornal a uma crítica à edição Assírio e Alvim do Templo Dourado de Mishima que já tem largos anos no mercado? Quase me sinto tentada a dizer que o crítico apenas quer dissertar sobre um dos seus autores favoritos. Lamento dizer que é um autor e um livro que já fazem parte do cânone.

O que mais poderá ser dito sobre obras como Anna Karenina de Tolstói ou até mesmo D. Quixote de La Mancha? Até a glorificação na imprensa de uma edição cheia de gralhas d’ O Leilão de Lote 49 de Thomas Pynchon, um clássico de ficção pós-moderna, poderia ser considerada indulgente, desnecessária e redundante, tendo em conta o autor que está em consideração, mas aparentemente Portugal precisa de ser fortemente chamado à atenção para a obra de Pynchon.

Eu compreenderia melhor se as críticas se centrassem em clássicos obscuros que merecem ser relembrados. Foram esquecidos com a passagem dos anos, mas resgatados da poeira do tempo graças a um qualquer editor de livros, e pela primeira vez traduzidos e apresentados ao público português. Aí, claro, faz todo o sentido. Aliás, ainda há pouco tempo foi criticada A Pedra da Lua (The Moonstone) de Wilkie Collins no suplemento Actual, uma obra e autor que merecem ser efectivamente relembrados aos leitores, embora a crítica deixe algo a desejar. Nada é perfeito.

Não escreveria este texto se habitássemos um mundo utópico onde existem milhares de revistas e jornais a escrever sobre todos os livros que são publicados neste país. Aí eu exaltaria o clássico tanto quanto qualquer outro crítico. Mas perante as circunstâncias tão parcas, perante o espaço de míngua dedicado a novos autores e novos livros, torna-se necessário exercer uma análise pragmática e deixar o clássico onde pertence: no panteão universalmente reconhecido da excelência literária que dispensa novas apresentações.

A isto chama-se ser prático.

Permalink 8 Comments