A ver nos próximos tempos

August 14, 2007 at 10:43 pm (Cinema e TV)

Se o trailer que coloquei em baixo é algum indicativo, vejo outro Óscar a atravessar-se no caminho da dama elfa Cate Blanchett…

Elizabeth, the Golden Age é certamente um must see para os que acompanharam a descoberta de Cate Blanchett em Elizabeth no ano de 1998. No auge da sua carreira, tem o condão de combinar uma maturidade perfeita e um talento excepcional. É efectivamente a idade dourada desta actriz australiana que nasceu para protagonizar este papel.

Spanish minister: There is a wind coming that will sweep away your pride.

Elizabeth: I too can command the wind, sir! And I have a hurricane in me that will strip Spain bare!

E já mencionei que é Clive Owen quem irá desempenhar o papel de Sir Walter Raleigh?

Num outro registo, já é possível lançar um primeiro olhar sobre a nova versão de Body Snatchers. Nicole Kidman e Daniel Craig lideram o elenco em The Invasion, e embora o argumento não traga nada de novo (que poderá acrescentar este filme ao rol formidável de filmes que se inserem na mesma temática?), mais uma vez cabe a uma senhora actriz dinamizar por inteiro o ecrã. Gostei particularmente da pose de Kidman no cartaz, cujo look fez-me pensar muito no cinema vindo dos anos 40 e 50.

theinvasionposter.jpg

Eu podia quase jurar que Nicole Kidman é a Josella Playton, a beldade dos anos 50 de O Dia dos Trífides de John Wyndham, tendo sobrevivido incólume à catástrofe global que arruinou a Humanidade com uma epidemia de cegueira absoluta.

Permalink 1 Comment

Sweeney Todd: The Barber of Fleet Street

August 13, 2007 at 11:14 am (Cinema e TV)

Na sagrada convenção dos geeks, mas cada vez mais vista como a definitiva rampa de lançamento para as últimas novidades do cinema fantástico produzido pelos grandes estúdios americanos, a Comic-Con de San Diego divulgou o primeiro poster do novo filme de Tim Burton, Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, baseado no musical de Stephen Sondheim. And it’s sweet!

                                

sweeney_todd.jpg

Never forgive. Never forget.

Capaz de invocar toda uma série de sensações a percorrerem a espinha abaixo, a arte está muito eficaz em capturar os tons mórbidos e macabros da história, mesmo se não a conhecermos. Apreciei ainda mais esta imagem que junta Helena Bonham Carter no papel de Mrs. Lovett com o barbeiro.

Espantoso como a arte destes posters consegue ainda transmitir a ideia de um Johny Depp que não é Johnny Depp mas uma outra coisa inteiramente diferente, um homem que procura por vingança, um demónio que invoca memórias de outras personagens ficcionais como Edmond Dantès ou os temíveis vilões do séc. XIX, implacáveis na sua crueldade e coração negro.

Na sua sexta colaboração com Tim Burton, o actor irá dar rosto à infame história de Benjamin Barker que instala uma loja de barbeiro em Londres onde os clientes que entram nunca mais voltam a ser vistos. Se o poster é algum indicativo, Sweeney Todd irá reunir o melhor de Burton, no seu estilo gótico imperdível, presente em Edward Scissor Hands, Sleepy Hollow, The Corpse Bride ou The Nightmare Before Christmas.

Curiosamente, o meu favorito de Tim Burton distancia-se da paleta de tons escuros. Big Fish é um dos filmes mais luminosos que já tive oportunidade de ver. Um pai a morrer que tenta comunicar e reconciliar-se com o seu filho, através das aventuras e histórias maravilhosas da sua juventude, povoadas de gigantes e criaturas e muito amor e inocência. A meu ver, este é o mais complexo e, no entanto, o mais simples e tocante dos filmes de Burton.

Certamente que está a léguas dos Oompa-loompas de Charlie and the Chocolate Factory

O filme musical Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street tem estreia prevista para 11 de Janeiro de 2008.

Permalink 1 Comment

Descobrindo Álvaro Mutis

August 5, 2007 at 11:37 pm (Livros/BD/revistas)

Well, to begin with, we have some identity problems with you… You’re traveling with a Cypriot passport… The most recent visa, dated Marseilles, expired a year and a half ago. Earlier ones were obtained in Panama City, Glasgow and Antwerp. Your stated profession is sailor. Place of birth, unknown… And we have collected reports about your past: arms smuggling in Cyprus, tampering with single flags in Marseilles, trafficking in gold and rugs in Alicante, prostitutes in Panama City – it would take hours to read the entire list.

“With all due respect, Captain, the Gaviero replied in the calmest, most civil voice he could muster, “you can’t imagine how it happened simply because you don’t know me. All those activities you mentioned from my past are true, but there are hidden aspects in all of them that can’t show up in the kind of summary catalogue you’ve just read.”

Seria preciso ler as aventuras e desventuras de Maqroll el Gaviero tal como as descreveu o seu autor, o escritor natural da Colômbia, Alvaro Mutis, para podermos vir a conhecer este marinheiro com as suas histórias de crime, paixão e errância.

À semelhança de Corto Maltese criado por Pratt ou mesmo os lobos do mar de Jack London, Maqroll é o cidadão do mundo que reflecte as experiências do seu próprio criador. Mutis, escritor e ensaíasta, filho de um diplomata, durante muitos anos percorreu o mundo de lés a lés e, através de Maqroll, contou o que tinha visto e experienciado.

Se algumas experiências poderão ser narradas com o entusiasmo de um rapaz pronto a enfrentar a vida com um olhar virgem, em outras encontramos ternura que se conjuga com a tristeza de quem foi lançado pela borda fora do seu navio. Como diz uma das amantes de Maqroll, You and your air of a sailor who’s been thrown off his ship!

São sete as crónicas que compõem as aventuras deste vagabundo, povoadas de personagens memoráveis e odisseias quixotescas à volta do mundo, de Trieste a Panamá, começando por The Snow’s Admiral, onde se recriam as perigosas incursões de Gaviero nas selvas da América do Sul. Em Ilona Comes With the Rain somos confrontados com o fascinante e perverso submundo da cidade do Panamá, e outras narrativas como Amirbar, Abdul Bashur, Dreamer of Ships ou Un Bel Morir descrevem as visões e experiências únicas de Mutis.

Mas será em The Tramp Steamer’s Last Port of Call, uma das novelas que compõe as aventuras de Maqroll, que Mutis atinge a perfeição, e a única que eu conheça que se encontra disponível em português, sob chancela das Edições Asa.

É a história de um amor entre uma jovem libanesa de nome Warda e um velho capitão do mar basco. Em cada porto, Warda espera-o e ambos rendem-se ao amor, mas poderia esta paixão prevalecer face aos contextos culturais diferentes de ambos os amantes? Mutis talvez pretendesse expressar o velho confronto entre o Ocidente e o Oriente, um tema que ainda continua bastante actual não importa quantas décadas ou convulsões políticas ou sociais atravessem as nações.

A versão inglesa foi excelentemente produzida por Edith Grossman e encontra-se disponível numa colectânea composta pelas sete novelas de Mutis, sob o título de Adventures and Misadventures of Maqroll.

A recomendação deste autor, um dos mais aclamados da literatura latina, partiu de alguém, ele próprio um viajante, um dharma bum, incapaz de assentar, para sempre percorrendo estradas sem um destino final definido. Dizem que se encontra de momento a descansar em terras espanholas, algures na capital talvez, hospedado por escritores como ele. Irá retomar as suas viagens e talvez, em breve, este viajante de pele queimada e ar de quem não tem nem uma única preocupação na vida seja avistado não muito longe de terras lusas.

Permalink Leave a Comment

Kiki’s Delivery Service

August 4, 2007 at 8:22 pm (Cinema e TV)

You’d think they’d never seen a girl and a cat on a broom before.

Kiki descende de uma família de bruxas e está prestes a iniciar uma velha tradição. Aos 13 anos, por conta própria, ela sai de casa para dar início ao treino como bruxa. Contando com a ajuda apenas do seu gato preto Jiji e uma vassoura, Kiki parte em direcção aos céus, tendo como única certeza de que tem que encontrar o seu lugar no mundo.

Atraída pelo oceano, vai de encontro a uma cidade à beira do mar, cheia de vida e reboliço, e talvez não tão acolhedora quanto ela desejaria. Mas a determinação de Kiki ajuda-a a superar os seus medos iniciais e até os protestos de Jiji. Acolhida por uma família de padeiros, dá início a um serviço de entrega de encomendas por vassoura.

E assim começam as aventuras de Kiki que enfrenta corvos, tempestades, toda uma série de contratempos, mas que sempre tenta o seu melhor da forma mais inocente e incondicional possível.

É um filme cheio da ternura e encanto com que o realizador Hayao Miyazaki nos habituou nas suas animações em que crianças se tornam as protagonistas principais e aprendem a ver o mundo com os seus próprios olhos. Nem sempre é fácil para Kiki. Quando perde o que tem de mais precioso, torna-se uma criança mais uma vez, vulnerável sem a sua magia.

If I lose my magic, that means I’ve lost absolutely everything.

Mas é então que Kiki enfrenta o maior de todos os desafios. Deixar de lado o espírito de bruxa até que encontre a inspiração para voltar a voar, até que aceite que é diferente e que será sempre diferente de todas as crianças. Com o apoio dos amigos, e perante os maiores perigos, ela volta com uma confiança admirável, a percorrer os céus com o seu robe negro e laço vermelho.

Talvez não tão épico como as grandes animações de Miyazaki de temas portentosos como Nausicaa of the Valley of the Winds ou Princess Mononoke, aproximando-se mais do estilo intimista de My Neighbour Totoro, Kiki’s Delivery Service não deixa de ser uma criação de Miyazaki que, mais uma vez, encanta.

E Jiji deve ser o gato mais cool e engraçado que já agraciou os ecrãs (talvez à excepção do Puss in boots de Shrek), até ao momento em que troca Kiki por uma gata namorada!

Permalink Leave a Comment